Ortopedista explica os riscos e benefícios desse item
A maioria das mulheres não dispensa um salto alto, mas seu uso diário pode ser prejudicial à saúde. O uso constante do salto pode ser um perigo para colunas, pernas e pés. Além de dores na colunas, nas pernas e calosidades, o mau uso pode causar danos mais graves como metatarsalgias, que são dores na face plantar ou sola anterior dos pés, tendinites, as inflamações dos tendões ou mialgia, dor muscular que acomete principalmente a região anterior da perna.
Dr. André Jorge, ortopedista do Hospital Beneficência Portuguesa e Hospital Santa Virgínia, especialista em pé e tornozelo, explica como fazer desse item um companheiro e não um vilão:
“Saltos de 3 cm a 4 cm são ideais. Rasteirinhas e saltos muito altos são maléficos. O ideal é alternar entre saltos médios e baixos, preferindo saltos grossos e plataformas. O salto muito fino sobrecarrega a parte da frente do pé, o que pode causar muitas dores”, explica o especialista.
As mulheres que possuem problemas de saúde citados ou outros tipos de acometimento muscular como artrite ou artrose não podem usar, mas para quem não quer fazer parte desse quadro vale apostar em exercícios de alongamento.
“Alongar os tendões e a sola dos pés ajuda a prevenir problemas futuros. Como o salto deixa os tendões encurtados, o alongamento é muito importante. O ideal é realiza-lo diariamente, mantendo perna, pé e panturrilhas alongadas, evitando cãibras e complicações”,alerta dr. André Jorge.
Uma boa dica é colocar metade do pé sobre o degrau de uma escada e forçar a outra metade para paixo. Em seguida, fazer movimentos circulares com os pés para os dois lados por volta de 10 minutos vai garantir o uso do salto por tempo prolongado e com tranquilidade.
Para mais informações, o ortopedista André Jorge está à disposição para entrevistas.
Tipos de sapato - Certo e Errado
Ideal
Plataforma com altura de 3 cm. ou Anabela”.( pés paralelos ao chão )
Este tipo de sapato é o ideal e diminui em muito os riscos de lesões e dores. Perfeito para quem precisa usar o salto diariamente. Na dúvida entre o certo e errado, pense que o pé tem que ficar o mais paralelo ao chão possível. A base alargada do solado permite maior equilíbrio e distribuição do peso do pé. Prefira sapatos macios para seu conforto e melhor adaptação ao calçado.
Médio / regular
Salto retangular e quadrado: apresentam risco intermediário, pois apresentam maior superfície de contato com o chão, aumentando a estabilidade do pé.
Salto tipo cone: ajuda no equilíbrio, por não ser tão fino.
Meia plataforma: distribui bem o peso e não prejudica muito, mas ainda não é ideal.
Bico fino: Os mais modernos tem a estrutura para os dedos se mexerem livremente dentro do sapato, o bico está lá na frente e não interfere.
Ruim
Salo agulha e fino: O agulha é o pior de todos. Para quem não dispensa, uma boa opção é usar o salto fino, que proporciona um pouco mais de equilíbrio. Importante ressaltar que a mulher nunca deve estar na ponta do pé com o sapato.
Rasteirinha: choque direto com o chão. Por não ter salto nenhum, o pé absorve muito o impacto. Rígido, de difícil adaptação com os terrenos e sem flexibilidade. Problemas de saúde por rasteirinha geralmente são diferentes dos ocasionados pelo salto: fasceíte plantar, formação de esporão calcâneo, tendinites do tendão de Aquiles.
Dicas, mitos e verdades
1. Comprar sapato no final da tarde ou de noite – geralmente o pé está mais inchado e se tiver justo é mais fácil de identificar.
2. Experimentar os dois pés - Ninguém tem os dois pés do mesmo tamanho. Caminhar com o sapato pra ver se oferece bom equilíbrio.
3. Nem muito largo, nem muito apertado. Certinho é ruim.
4. O risco de dores e lesões de um salto de10 cm é praticamente o mesmo do que um salto acima de 4 cm.
5. Lacear é mito! - O sapato na verdade deforma e gera calos, unha encravada, entre outros.
6. Terrenos irregulares são os maiores causadores de acidentes com salto alto, como torção, fratura e até ruptura de ligamentos.
7. Vale conhecer suas próprias limitações. Alternar os saltos muito altos, com sapatos mais baixos, estilo plataforma, de preferência até 3 cm assim que sentir a dor. 8. Cada um pode reagir de uma forma ao uso, mas o ideal é ir até o local do evento com um tênis ou sapato mais confortável e usar e colocar o salto somente quando realmente é necessário.
9. Revezar o tipo de salto dia a dia, para não deixar o pé sempre na mesma posição.
10. Pés descalços são melhores que com rasteirinha, por exemplo. O pé se adapta ao terreno, já a rasteirinha não tem flexibilidade alguma.
11. Devemos movimentar os dedos livremente dentro dos calçados, com folga de pelo menos 1 cm entre o sapato e o dedão do pé.
Patologias
1. Joanete – formada por vários fatores, intrínsecos (genética, hereditariedade, histórico familiar) ou extrínsecos (bico fino e uso prolongado de sapatos apertados no ante pé).
2. Neuromas de Morton – lesão dos nervos inter-ósseos do pé. Pela compressão do pé (bico fino, salto alto que sobrecarrega o antepé).
3. Dedos em garra – Deformação do pé, causado pelo sapato muito apertado ou bico fino sem adaptação .
4. Tendinites – inflamação dos tendões.
5. Fasceíte ( ou Fascite ) plantar - inflamação da fáscia plantar e ou ligamento da sola do pé.
6. Metatarsalgias – inflamação do metatarsos, que são os ossos do dorso do pé (médio pé).
7. Esporão de calcâneo –calcificação na face plantar do calcanhar na inserção da fáscia.
8. Encurtamento do tendão de Aquiles – falta de alongamento e manutenção da posição do calcanhar elevado no salto, por exemplo.
9. Hiperlordose - Aumento da curvatura da coluna lombar
10. Lombalgia - dor na lombar
Atualidade – teste da pisada
Teste da pisada ou baropodometria – é realizado tanto em lojas de material esportivo e lojas de calçados quanto em clínicas especializadas. Nas lojas o objetivo é comercial, tendo em vista avaliar o tipo de pisada do consumidor.
Tipos de pisada -pronada (para dentro), neutra ou supinada (para fora).
Teste realizado em clínicas – geralmente procurado por atletas para analisar as áreas de maior pressão na sola dos pés durante as atividades de impacto, prevenindo lesões e desgaste dos sapatos geralmente caros e ferramentas principais para um corredor, por exemplo. Para quem não pratica esporte, o teste pode ser útil para desenvolver palmilhas que evitam tanto o desgate acelerado do sapato quanto a sobrecarga da área de pressão do pé.
Como é realizado– teste estático ou dinâmico (vem andando e pisa para ver como pisa). O aparelho é uma plataforma conectada ao computador, que através das cores indica os pontos de maior pressão com o software desenvolvido. Não há diferença entre aparelhos.
Saltos e crianças
1. Sobre o projeto de lei que proíbe calçados infantis com salto
Projeto de Lei 1885/11 do Deputado Décio Lima , prevê o fim dos sapatos infantis com saltos acima de 2cm . As consequências na saúde das crianças pelo uso do salto é um dos assuntos mais preocupantes hoje entre os ortopedistas especialistas em pé, tornozelo e coluna. Eles acarretam alterações nas formações dos pés e na postura, por alterar o centro de gravidade e com isso mudar a posição da coluna e da formação dos ossos dos pés, ambos em desenvolvimento.
2. Crianças pode usar salto?
A altura do sapato das crianças é a mesma recomendada para um adulto, de 2 a 3 cm. Com relação ao salto, o ideal é evitar e tardar ao máximo o uso, que geralmente se inicia na adolescência, quando começa a vida social ativa. O USO FREQÜENTE DE Rasteirinhas também é prejudicial em qualquer idade.
3. Polêmica dos "Croc's"
Ajudam em alguns tipos de dores, como esporões de calcâneos e fasceíte plantar, por serem macios e de solado adequado. Um problema comum são os falsos ‘crocs’, que acarretam lesões de pele grave pelo tipo de produto, ou tinta utilizada nesses "fake crocs".
Ponto positivo
Os crocs são feitos de “crosslite”, material próximo ao EVA(etileno vinil acetato), que é utilizado para desenvolver as palmilhas ortopédicas. A maioria da palmilhas de série das principais marcas de tênis são feitas deste material. Além disso, possui propriedades antimicrobiais, resistentes ao odor e que não marcam o piso. É um sapato de solado mais alto e distribui bem o peso do corpo no pé.
Em contrapartida
O solado do “croc” é muito aderente e a parte superior do calçado muito “mole”. Podendo ocasionar torções. Acidentes em escadas rolantes não são incomuns.
Não aderentes ao pé, se deforma com muito tempo de uso, perde a função de absorção do impacto rapidamente e depois de um certo tempo não tem mais a capacidade de proteger o pé. Já no tênis, por exemplo, temos o solado que mesmo depois da palmilha desgastar, ainda traz alguma proteção e no croc não temos isso.
Exercícios de alongamento
Benefícios
Fortalecem tendões e músculos da perna , auxiliam , tanto na preservação da flexibilidade dos tendões e músculos ( panturrilha e tendão de Aquiles , e tendões da parte anterior da perna e pé , como tendão tibial anterior e tendões extensores ), como no alívio dos sintomas já instalados .
Como fazer?
1. Alongamento em escada ou com apoio alto de uma lista telefônica, por exemplo.
Apoiar o ante pé no degrau deixando a parte posterior ceder, forçando-a para baixo e alongando o tendão de Aquiles.
2. Alongamento da toalha
Sentado a 90 graus esticar as pernas. Flertir uma das pernas e a outra puxar com uma toalha o pé em direção a si mesmo. Troque e faça com a outra.
3. Pé de bailarina
Com a mão na ponta do pé, puxar o pé para trás, apoiando na parede para alongar a parte interior da coxa e os tendões anteriores do pé.
4. Para fazer sentado
Apoie o pé esquerdo, por exemplo, no joelho direito, cruzando a perna. Puxe o ante pé para baixo, para cima, para uma lateral e outra.
Observação: 30 segundos cada exercício, com cada perna.
Fonte: Fernanda Ayres.
São Paulo/SP.
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